Uma viagem pelos estilos arquitetônicos: do clássico ao contemporâneo
A arquitetura é uma das formas mais tangíveis de expressão cultural. Ao longo dos anos, cada período histórico deixou sua marca por meio de construções que até hoje nos contam histórias sobre as sociedades que as criaram.
Desde os templos majestosos da Grécia antiga, passando pelas igrejas góticas e pelos edifícios barrocos, até chegar ao modelo contemporâneo que temos hoje, os estilos arquitetônicos fazem muito mais do que definir uma época: eles também refletem as crenças, a tecnologia e, o mais importante, o espírito de um povo em determinado período.
Hoje, vamos juntos explorar a jornada da arquitetura ao longo da história e entender como esses estilos evoluíram, se influenciaram e continuam, ainda hoje, a moldar o mundo em que vivemos.
Boa leitura!
O estilo clássico e seu legado
Para muitos, os estilos clássicos, especialmente o Grego, Romano e Gótico, são as bases de grande parte da arquitetura atual, ao menos no ocidente. Construções antigas são, mais do que tudo, exemplos de como o homem pode utilizar a arquitetura para simbolizar poder e expressar sua religião e cultura.
A arquitetura grega
A Grécia Antiga, por exemplo, conhecida por seu amor à ordem e à proporção, criou um estilo que até hoje é sinônimo de perfeição estrutural. Com colunas dóricas, jônicas e coríntias, os templos gregos são marcados pela simetria e pela atenção aos detalhes.
Um de seus legados mais conhecidos é o Partenon, em Atenas, que celebra o uso das ordens arquitetônicas e o equilíbrio geométrico.
A arquitetura romana
Inspirados pelos gregos, os romanos também elevaram a arquitetura a um novo patamar, especialmente com inovações como o uso do arco e da abóbada em suas construções.
Grandiosos, seus projetos arquitetônicos eram pensados para refletir o poder e a engenharia da civilização romana na época.
Entre os exemplos de toda essa imponência, e que sobrevive até os dias de hoje, está o Coliseu, que teve suas obras iniciadas no ano 72 d.C, por ordem do Imperador Vespasiano, sendo concluído 8 anos depois e resistindo ao tempo desde então.
Sua arena em formato elíptico servia para o entretenimento da população local, sendo palco para os históricos embates entre gladiadores. Construída em mármore, pedra travertina, ladrilho e tufo, essa joia arquitetônica conta com um exterior de 187 por 155 metros, tendo sido construída para abrigar mais de 50 mil pessoas.
A arquitetura gótica
No portfólio da arquitetura clássica também está incluído o estilo gótico, com seu auge entre os séculos XII e XVI, e que dominou a Europa por muitos anos, especialmente em suas catedrais.
Esse estilo de arquitetura é marcado principalmente por suas abóbadas ogivais, vitrais elaborados e arcos pontiagudos que se elevam para o céu, refletindo o desejo espiritual de se aproximar do divino.
Em Paris, é possível conferir um dos exemplos mais icônicos deste período, a catedral de Notre-Dame, que apesar de ter sofrido um incêndio em 2019, estando atualmente em fase de reforma, ainda impressiona por sua altura e imponência, além de suas esculturas, incluindo suas gárgulas, a imagem dos 12 apóstolos e quatro criaturas aladas.
A chegada do Renascimento e o auge do Barroco
Após a Idade Média, a Europa experimentou um verdadeiro renascimento cultural e artístico. E a arquitetura não ficou de fora, também passando por uma renovação, influenciada principalmente pelos valores da antiguidade clássica, e evoluindo em direção ao requinte do Barroco.
O Renascimento, que começou a partir do século XV, trouxe de volta o interesse pela simetria, proporção e ordem dos estilos gregos e romanos, porém trazendo um toque a mais de realismo e tecnologia na arquitetura, muito devido ao uso da perspectiva.
A Basílica de São Pedro, no Vaticano, é fruto dessa época. Projetada em parte pelo artista italiano Michelangelo, ela exemplifica esse retorno ao ideal clássico, mas com uma sofisticação técnica que a eleva a um novo patamar. Qualquer um que tenha a chance de pisar na basílica uma vez na vida não poderá negar sua imponência. É difícil entrar na igreja e não sair transformado, especialmente se você for um amante da arquitetura.
Foto: O interior da Basílica de São Pedro, no Vaticano.
O Barroco no Brasil e no mundo
O Barroco surge ali no finalzinho do século XVI, sendo ainda mais dramático e ornamentado. Tendo sido um estilo profundamente ligado à Igreja Católica e ao poder monárquico, foi muito marcado por fachadas curvas, interiores luxuosos e o uso de luz e sombra para criar essa teatralidade.
A Igreja de São Carlos Borromeu, em Viena, é um exemplo vibrante dessa tendência à opulência e movimento. Porém, a tendência arquitetônica também fez muito sucesso no Brasil, tendo sido adotado por volta do século XVIII.
Foto: Igreja de São Francisco de Assis, localizada em São João del Rei, Minas Gerais
Uma das figuras famosas deste período foi Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, que adotou o formato português barroco de igrejas-matrizes nas construções religiosas do país, com o uso de torres laterais e frontispício.
Graças ao seu legado autoral na arquitetura e na arte em Minas Gerais, Lisboa (Aleijadinho) é até hoje considerado o maior nome do Barroco brasileiro.
Foto: Igreja de São Francisco de Assis, que pode ser visitada em Ouro Preto, Minas Gerais.
Modernismo: um olhar diferente para o futuro
Enquanto os estilos clássicos e ornamentais dominavam a Europa, o final do século XIX e o início do século XX trouxeram um novo movimento que redefiniu a arquitetura: o modernismo.
Como em outras áreas do conhecimento, a arquitetura modernista nasceu após revolução industrial, em meio à busca por um novo ideal de simplicidade, funcionalidade e racionalismo. Arquitetos como Le Corbusier e Ludwig Mies van der Rohe lideraram essa revolução, defendendo o uso de novos materiais, como o concreto armado e o aço, além de uma estética mais minimalista do que a que vinha sendo aplicada.
A icônica obra Villa Savoye, de Le Corbusier, é um exemplo desse novo paradigma na arquitetura. Construída entre 1928 e 1931, trata-se de uma residência com um design inovador e uma abordagem radical aos cânones da arquitetura da época. Sua construção marcava uma mudança drástica em relação à linguagem arquitetônica que era utilizada até então.
Da ornamentação do renascimento e a teatralidade do barroco, passamos a isso:
Considerada até hoje um marco na história da arquitetura modernista do século XX, a construção da Villa Savoye foi uma das primeiras vezes, em anos, que a arquitetura passava a rejeitar a ornamentação para dar espaço à eficiência e à simplicidade elegante.
A chegada do minimalismo e da arquitetura sustentável
A partir daí, não demorou para surgirem outras tendências, como o próprio minimalismo, que pregava o uso do “menos é mais”. Assim, estruturas simples, linhas limpas e a integração com o meio ambiente passaram a dominar projetos em todo o mundo. E apesar de esse conceito parecer algo comum e natural para nós hoje, na época foi uma mudança radical, e bastante significativa.
Nos anos seguintes, outro conceito que passou a se tornar comum foi o da sustentabilidade, em especial nos últimos anos, tornando-se uma prioridade na arquitetura. O uso de materiais ecológicos, eficiência energética e integração com o entorno natural são alguns dos conceitos-chave da arquitetura sustentável.
Um exemplo desse tipo de projeto é a vila flutuante de Amsterdã, que abriga 46 casas sustentáveis com um projeto ao mesmo tempo ecológico e moderno.
A arquitetura oriental e seu legado para o mundo
Por fim, além da questão histórica e temporal, a arquitetura também se desenvolve de formas diferentes em diferentes culturas. Fora da esfera ocidental, por exemplo, culturas em todo o mundo criaram seus próprios estilos arquitetônicos, refletindo seus valores, climas e até materiais disponíveis.
Olhar para esses estilos é uma maneira de entender não só a diversidade e riqueza da história humana, mas também a versatilidade da arquitetura como forma de arte e expressão cultural.
A arquitetura islâmica, por exemplo, caracterizada por suas cúpulas majestosas, minaretes altos e padrões geométricos intrincados, impressiona tanto por sua sofisticação quanto por sua forte ligação com a espiritualidade.
O Taj Mahal, na Índia, é uma das construções mais famosas desse estilo, destacando-se pela simetria e riqueza de detalhes. O mausoléu de mármore branco-marfim foi encomendado ainda em 1632 pelo imperador Mughal Shah Jahan, para abrigar o túmulo de sua esposa favorita, e empregou mais de 20 mil artesãos.
Desde 1983, o Taj Mahal é Patrimônio Mundial da UNESCO, sendo considerado uma jóia da arte muçulmana na Índia e um exemplo da arquitetura Mughal.
Outro exemplo de arquitetura oriental é a da Ásia, com estilos como o japonês e o chinês se destacando por sua estética zen, minimalista e pela integração com o ambiente natural, além do uso de madeira e a simetria suave são características marcantes.
O Ma na arquitetura do Japão
Outro exemplo da riqueza da arquitetura oriental, mais especificamente a japonesa, pode ser conhecido pelo conceito do 間 (Ma), ou espaço negativo.
O Ma é um princípio presente nos hábitos e manifestações públicas dos japoneses, mas também na construção de seus espaços. Esse conceito passou a ser conhecido após a exposição “Ma: Espaço-Tempo do Japão”, realizada em 1978 pelo arquiteto japonês Arata Isozaki, e influencia fortemente a arquitetura mundial, inclusive no Brasil.
Obras de grandes arquitetos como o Museu de Arte de São Paulo, projeto pela arquiteta Lina Bo Bardi, e a Casa de Canoas, do famoso arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer, podem ser citados como exemplos de influência do conceito do Ma no Ocidente.
Foto: Fachada do Museu de Arte de São Paulo, projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi
Foto: Casa de Canoas, uma das obras icônicas do arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer
Conclusão
Embora cada estilo arquitetônico tenha suas próprias características, é muito interessante perceber como eles se influenciaram ao longo do tempo, e como de uma forma ou outra, tudo está conectado.
Enquanto o Renascimento bebeu diretamente da fonte da antiguidade clássica, o Barroco aproveitou o estilo ornamentado do Gótico e o transportou a novos níveis de sofisticação. Já o modernismo rompeu com quase tudo que veio antes, apenas para que, em seguida, o pós-modernismo trouxesse de volta a ideia de misturar estilos e referências.
E hoje, que vivemos em um mundo globalizado, é impossível não perceber cada vez mais essa troca cultural, com arquitetos que se inspiram em diferentes estilos para criar algo novo.
Enfim… Explorar a história dos estilos arquitetônicos é como fazer uma viagem no tempo. Cada construção conta uma história de seu período, cultura e sociedade. Ao entender a evolução desses estilos, podemos melhorar nossa percepção sobre a arquitetura, vendo essa área como muito mais do que um ofício, mas uma verdadeira expressão de arte e cultura ao longo do tempo.
Quer estar sempre por dentro das novidades e inovações do mundo da arquitetura? Seja sócio da Sala de Arquitetos e faça parte da nossa comunidade.